Durante pouco mais de 2 anos, até Abril de 1974, o GEPP (Grupo de Estudos do Paleolítico Português) com uma equipa de estudantes da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, sob a coordenação programática de Eduardo da Cunha Serrão com o próprio GEPP, trabalhou intensamente na região, prospetando ambas as margens do Tejo entre a foz do Ocreza, a jusante, e a foz do Sever, a montante.
Foram então detetadas várias concentrações de gravuras rupestres ao longo deste vasto território (e até para além dele), de que merecem destaque os sítios de Fratel, do Cachão do Algarve, de Gardete (todos em Vila Velha de Ródão) e de S. Simão (Nisa). Entre estes núcleos principais, há uma solução de continuidade através de muitas centenas de gravuras dispersas por outros núcleos de menor densidade de gravações, como sejam os de Ficalho, Lomba da Barca, Alagadouro, Chão da Velha e outros. A crista quartzítica das Portas de Ródão, um monumento natural fendido pelas águas do Tejo, configura uma espécie de axis-mundi simbólico sensivelmente a meio deste vastíssimo território rupestre.
Com o apoio do Estado e da Fundação Calouste Gulbenkian e sabendo-se que a maior parte das gravuras ficariam submersas, foram realizadas várias campanhas de levantamento, tendo-se então aplicado uma metodologia de registo arqueológico que procurou documentar o mais exaustivamente possível tudo o que então se descobria.
As rochas decoradas, algumas com diversos painéis, foram numeradas e exaustivamente inventariadas em fichas descritivas, fotografadas, topografadas e moldadas. Privilegiou-se na altura a moldagem em látex em detrimento do decalque direto, que seria muito mais moroso, oferecendo os moldes a vantagem de se ficar com uma cópia dos painéis gravados, o que até permitiria a sua duplicação futura.
A moldagem em látex foi pois a principal técnica de registo que então foi aplicada na arte do Tejo. É ainda hoje a principal fonte documental da maior parte destas gravuras e a base para a obtenção dos atuais desenhos e réplicas das rochas historiadas.
Por estas inolvidáveis campanhas de trabalho arqueológico no Vale do Tejo passou toda uma geração de jovens arqueólogos que aqui sedimentariam as suas vocações. Este grupo, de entusiastas primeiro e logo depois de arqueólogos, ficou conhecido como a “Geração do Tejo”.