Gravuras


ANTROPOMORFOS

Durante o Neolítico e o Calcolítico taganos, a representação humana é um dos temas mais constantes da sua gramática figurativa. A figura humana é representada quase sempre de uma forma muito esquematizada, como se pode apreciar nesta tabela. Raramente as figuras humanas estão integradas em cenas, aparecendo ora isoladas (o mais comum), ora associadas com formas geométricas e mais raramente em associação com figuras zoomórficas como no notável painel 241 de S.Simão, em que um humano ergue um veado morto.

Claro que os padrões figurativos e conceptuais da arte esquemática, como na restante arte esquemático-simbólica ibérica pós-glaciar, configuram um tipo de associação entre figuras e destas com o próprio suporte (a rocha), características nem sempre bem evidenciáveis a um observador moderno.

ZOOMORFOS

É um dos grandes grupos tipológicos da arte esquemática do Tejo, sendo as figuras distribuídas pelas seguintes espécies: cervídeos e capríneos são os mais comuns; os equídeos e os bovídeos são muito raros, da mesma forma que os canídeos, os ursídeos e as aves. Há ainda uma série de figurações indefinidas ou com atributos idealizados.

Os cervídeos são o principal e sem dúvida o mais importante grupo de animais gravados nos xistos do Tejo. De uma maneira geral são menos esquematizados do que as representações humanas, podendo até os mais antigos apresentar divisões internas no interior do corpo, ao estilo raio-X, uma característica mais comum a uma arte de caçadores.

 

O CAVALO GRAVETENSE DO OCREZA

É a mais antiga gravura em toda a área do Complexo do Tejo, sendo atribuível ao Paleolítico superior. Técnica e estilisticamente e por paralelos com a arte do Côa, enquadra-se no período Graveto-Solutrense (±25.000 – ±18.000 BP). Pertence pois ao primeiro grande período artístico documentado em território português, caracterizado pela gravação ao ar livre de picotagens largas e profundas, sendo o cavalo (juntamente com o auroque) o tema mais gravado, como é aqui o caso.

O animal está perfeitamente definido nas suas minimalistas linhas essenciais, sendo de destacar a ausência da cabeça, que é eventualmente simulada pela própria configuração desta zona do painel.

O painel que guarda esta gravação foi criteriosamente escolhido, muito perto do curso antigo do rio. É um xisto com uma pátina azulada, com uma orientação sub-vertical, sensivelmente a meio e entre as duas últimas curvas do rio antes de entrar no Tejo. É aparentemente uma gravura com um valor simbólico de tipo territorial e/ou comemorativo.